top of page
  • Ícone do Instagram Preto

Serras, ruínas e matas: pintura ao ar livre em Belo Horizonte

exposição coletiva

Museu Mineiro, 2025

curadoria

texto curatorial:

Algumas coisas mobilizam para a pintura ao ar livre: primeiramente o pintar, depois os deslocamentos pela cidade, e por fim as paisagens de Belo Horizonte, lugares que sofrem transformações fincadas na lógica da destruição, do extrativismo, do lucro desenfreado e inconsequente. 

É justamente em tais lugares que o grupo Pintura ao ar livre vem se encontrando nos últimos três anos para passar as tardes pintando. Trata-se de um grupo originado na Escola Guignard em 2022 como projeto de pesquisa e extensão, coordenado por Louise Ganz, que se ampliou para além dos muros da universidade, reunindo também pessoas da comunidade extra acadêmica. Nesse processo de pintura, a experiência exige ao corpo um outro estado de atenção: é preciso parar para olhar, parar para sentir e perceber devagar. A pintura é uma forma de estar e de se relacionar com o entorno. Para além de registros fiéis dos lugares, o ato de pintar, o uso da tinta, a escolha dos suportes, as pinceladas, ou seja, a experiência pictórica é o que, sobretudo, interessa. Ao mesmo tempo, o estar em grupo nos lugares é pautado pela imprevisibilidade da vivência no espaço público, no encontro com outros seres (humanos e não humanos) e com os acontecimentos climáticos - o sol, o vento, a chuva, a poeira.  

Se o ato de pintar ao ar livre poderia soar como um gesto saudoso de um passado distante, deslocado historicamente, a escolha dos lugares traz contemporaneidade a esta ação coletiva. 

Cada um, à sua maneira, observa a paisagem. Esse olhar não é passivo, toma distância para registrar horizontes abertos, o espaço que continua e continua, mas também se emaranha com as vegetações das matas, onde o corpo se mistura e o enquadramento é mais fechado, as coisas experimentadas e vistas de perto. Ter o tempo de estar dentro da paisagem, de se mover nela, de desenhá-la e pintá-la, e de lentamente ver e ouvir seus diferentes aspectos é também um desafio sobre como traduzir essa experiência. 

A presença de pintores temporariamente transforma a paisagem dos locais por onde passam. O resultado individual das obras parte da poética de cada artista, mas a própria paisagem também fala. O resultado do conjunto é uma cartografia que pode ser lida como um guia dos lugares difíceis de Belo Horizonte. Alguns difíceis de chegar, outros tantos difíceis de engolir, de aceitarmos coletivamente a sua existência. Aqui, nos deparamos com antropocenas cotidianas: mineração, cicatrizes do mercado imobiliário, desigualdades sociais, moradias precárias, beiras de córregos canalizados e poluídos, florestas urbanas incendiadas.

Se as urgências socioambientais podem ser sufocantes, encontramos nos parques, nas matas, nos quintais, nos terreiros e na agricultura urbana algum respiro. Evocando “487 florestas para uma cidade”, em 2024 o grupo realizou sessões de pintura em diversos parques municipais, cobrindo todas as regionais de Belo Horizonte, expandindo nossas imaginações sobre o florestar as cidades.

Ao propor percepções e deslocamentos pela cidade, as pinturas delineiam contornos antigos e novos no tecido urbano, evidenciando problemas recorrentes e modos alternativos de habitar, cuidar, testemunhar, construir, mirar, observar e pintar a cidade.

Curadoria

Louise Ganz e Marina Frúgoli

 

Assistentes de curadoria

Gus Rocha e Letícia Castro 

 

Texto

Louise Ganz, Marina Frúgoli e Letícia Castro

​​​​​

Artistas

Adriana Bellardini

Ana Gomes

Bernardo Cambraia

Bernardo Dera

Cássia Franco

Clara Salles

Cláudia Gastelois

Cristiane Zago

David Fernandes

Fabíola Tasca

Frederico Motta

Gavioli

Gus Rocha

Helena Borges

Jesus Ramos

Júnia Penna

Letícia Grandinetti

Louise Ganz

Luciana Campos Horta

Mariana Hauck 

mel la del barrio

Sérgio Leão

Valéria España

© Marina Frúgoli

bottom of page